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Publio: passado e presente em poucas palavras

Falar sobre o antigo e o novo da vida dos nossos entrevistados não é uma tarefa fácil. Algumas vezes é até árdua. Mas sempre aprendemos muito. Fechamos o ano de 2010 viajando do passado para o presente do nosso entrevistado. Esperamos que o conteúdo dessa matéria sirva para jovens, adultos e idosos, para que aprendam a entender, entre tantas coisas, um pouco sobre os limites de cada um.

Mar de rosas?! Quem disse que a vida é assim? A vida é feita de conquistas e derrotas, de alegrias e tristezas. Mas, entre altos e baixos, a presença da família parece ser um elixir para a manutenção da vida. Sejam nos primeiros passos, nas primeiras broncas ou na convivência com um grande amor e seus frutos, os deveres vão sendo cumpridos e suas marcas vão sendo deixadas nos caminhos percorridos por cada um. Se nem tudo foram flores ou como gostaríamos que fosse, só saberemos lá na frente, mas ter história para contar, é perfeito.

A história de Nestor Soares Publio podia ser apenas mais uma história – um menino de origem humilde, filho de semianalfabetos, que veio para São Paulo com a cara e a coragem. Porém, como cada vida tem a sua peculiaridade, Publio faz parte do grupo que percorreu caminhos muito além dos tradicionais para a sua época e se deu bem.

Coronel Publio, como é conhecido na sua corporação, comandou a centenária Escola de Educação Física da Polícia Militar – EEFPM – célula-máter da Educação Física nacional, na qual se licenciou em Educação Física em 1959. Sim, são exatos 51 anos de formação e atuação profissional até o momento, porque ele não para.

Publio e seu quadro de recordaçõesMas, já em 1959, graduação era pouco para o garoto de Guapiaçú/SP, cidade próxima de São José do Rio Preto. Então, por mérito, ganhou duas bolsas de estudo: França (1968), fazendo o Curso de Oficial de Esportes na École Interarmées des Sports de Fontainebleau e no Japão (1972), na Universidade de Tokyo, na qual acompanhou os treinamentos do quase tri-campeão olímpico Sawao Kato, hoje seu amigo. Fez Mestrado em Educação Física (EEFE-USP/1978), escreveu a Evolução Histórica da Ginástica Olímpica, que se tornou bibliografia básica em quase todas as Instituições de Ensino Superior de Educação Física do país e foi árbitro internacional de Ginástica Artística.

Hoje, aos 75 anos, completos no dia 03 de setembro, ele quer mais. "Desejo terminar meu livro sobre os processos pedagógicos publianos para o ensino da Ginástica Artística", afirmou.

APAIXONADO PELA GINÁSTICA

A Ginástica para ele, assim como o seu exemplo de vida, pode ser definida na frase:
"SER ÚTIL SEM UTILIZAR-SE, SER HUMILDE SEM HUMILHAR-SE, SERVIR SEM SERVIR-SE, POIS O PASSADO DE CADA UM É O ESPELHO DE SEU FUTURO".

O garoto que brincava no Clube Palestra de São José do Rio Preto e fazia loucuras na barra fixa, que foram repetidas durante o curso de cadetes na Academia de Polícia Militar do Barro Branco – APMBB, só foi conhecer a Ginástica em 1959, nas aulas de Ginástica de Aparelhos do Curso de Instrutores de Educação Física – CIEF. Publio, na época, fazia quase tudo por imitação, observando a execução dos monitores especializados. Por ser bom executante e ter sido o primeiro colocado no curso, foi convidado para ser instrutor na pioneira do Brasil, onde passou mais de 20 anos de sua vida militar. Ele garante que os "sabores" com a Ginástica foram imensos. Muitos campeões passaram pelos ensinamentos do coronel, que fica feliz de ter sido útil, disciplinando e educando muitos alunos através da atividade física.

Publio sempre foi um esportista muito ativo e eclético. Gostava e executava todas as modalidades esportivas, pois gostava de ensinar, executando os exercícios. Deu aulas de ginástica geral, esportes aquáticos e ginástica em aparelhos na EEFPM, foi técnico de ginástica por mais de 20 anos no Clube Pinheiros, mais de 10 anos em cursos técnicos na USP, além de professor na Escola Britânica (Saint Paul's School).

Ele conta que "comeu o pão que o Diabo amassou", trabalhando na Ginástica Olímpica de São Paulo e do Brasil por mais de 40 anos. Chegou a pagar para trabalhar, o que não tira a sua convicção de que fez parte de um trio (Dr. Fischer, Prof. Rapesta e Publio), que plantou a semente, para que hoje a Confederação Brasileira de Ginástica – CBG pudesse estar colhendo os frutos.

Além do prazer pela profissão, Publio precisava trabalhar muito para sustentar a família e três filhos em escolas e faculdades.

Mas, o excesso de trabalho, corroeu suas cartilagens e ele já foi submetido a 3 artroplastias total de quadris – duas vezes no esquerdo (1997 e 2009) e uma vez no direito (2002). "Os médicos me avisavam que eu estava abusando, mas nunca pensei que pudesse me prejudicar tanto no futuro. Agora pago o preço do excesso acumulado", contou.

Contrariado com essa realidade, Publio contou que não pode jogar mais futebol – modalidade na qual chegou a ser apelidado de flecha ligeira, pela sua velocidade na ponta direita, voleibol, handball, natação atletismo, esgrima e hipismo. Pois qualquer abuso pode ocasionar uma nova fratura. "Atualmente nado 3 vezes por semana e faço fisioterapia publiana na piscina, além da parte aeróbia – hidroterapia". Contrariado sim, desanimado jamais. Publio continua ativo!

Ele nem sabe se é velho ou idoso. Sempre brinca, dizendo que cronologicamente está com 75, mas fisiologicamente a idade é outra. O único problema é que ele não pode mais fazer o que fazia. "Quando penso que eu saltava 1,68m de altura, naqueles tanques de areia, e 6,42m de distância, terra cavalo no hipismo (saltar no chão, com o cavalo a galope, e voltar a montar), não dá para acreditar que hoje esteja tão limitado e incapaz para qualquer atividade acrobática ou mesmo uma corrida desenvolta".

Publio ao lado da mulher e dos filhos em 2007"Poderia dizer que sou um 'cara' sofrido, porque pelo que batalhei para manter e estudar meus filhos, merecia ser mais feliz na hora de usufruir minha aposentadoria (desde 1985). Mas, quando planejava viajar o mundo com minha querida, ela se encontra impossibilitada", desabafa. "Procuro minimizar o sofrimento, cuidando da minha qualidade de vida, tentando deseducar meus netos, auxiliando meus filhos, colaborando, quando solicitado, com o Conselheiro do Conselho Regional de Educação Física do Estado de São Paulo – CREF4/SP e com palestras em Instituições de Ensino Superior".

"Agora, mais do que nunca, acredito em Deus. Acredito que temos uma cruz para carregar e como se diz popularmente 'PROBLEMAS SÓ MUDAM DE ENDEREÇO'"
Nestor Soares Publio

Hoje, ele adoraria ter ele mesmo como avô. Ele admite que como pai talvez tenha sido muito rígido em virtude da disciplina militar e de não tolerar coisas erradas. "Mesmo assim meus filhos dizem entender por que eu agia daquela forma quando eram menores". Como marido ele duvida que sua querida esposa aceite qualquer oferta para trocar de marido, mesmo que seja por dois de 40. "Para ela, eu ainda continuo sendo aquele super-homem que ela teve como namorado e que até hoje se gaba com suas colegas".

Publio e os netos Rebecca, Thais, Rodrigo, Marina e ThomasFamília é o que Publio tem de mais precioso em sua vida. Em janeiro, essa relação que deu certo, completará 50 anos. Com dificuldade Publio e sua querida esposa, criaram 3 filhos, sempre com exemplos de disciplina, atitude e humildade. "Felizmente todos estão bem, nos consideram muito e reconhecem o sacrifício que fizemos para seus estudos", comentou.

Mas admite que sem o seu melhor presente eu não teria chegado até aqui. Seu saudoso pai lhe deu a oportunidade de fazer o ginasial, que ele concluiu em 1953, tendo na sequência vindo para São Paulo para prestar vestibular para a Academia Militar do Barro Branco. A Polícia Militar, para ele, é 'uma verdadeira mãe', que lhe deu roupa (fardamentos), estudo, comida e aposentadoria.

Célia Gennari e Publio, no CREF4/SP, em momento de homenagem ao entrevistado"Nem todos podem ganhar medalhas, mas podem dar o melhor de si para conseguir o melhor resultado"
Nestor Soares Publio





Texto e fotos:

Célia Gennari csgennari@gmail.com
Ignez Ribeiro ignisignis@uol.com.br

 
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