MEU NOME É CROSS

My name is Cross! Je m’appele Cross! Mi chiamo Cross!
                                              
Para que ninguém tenha dúvidas eu sou quadriglota. Mania dos seres humanos dizer “poliglota”. Sejam corajosos, digam quantos idiomas falam!
Bom, falar, falar, eu não falo, mas entendo perfeitamente três idiomas e falo um, o CANINO.

Os idiomas que eu entendo são:
Português, contarei minhas origens.
Italiano, aprendi há pouco tempo com mamãe 1.
Nordestino. Mamãe 2 fez questão que colocasse.

Ah, por que tenho duas mães?

Mamãe 1 é quem me adotou, me compreendeu, me deu amizade e muuuuuitooooo carinho. Mamãe 2 é a secretária de mamãe 1. Nordestina. Eu adoro deixar ela maluquinha. Ela brinca muito comigo e eu não levo ela a sério. Já com mamãe 1 não tem brincadeira, ela brinca, ri das coisas que eu faço, mas na hora que faço algo de muito errado é bronca e eu sou obrigado a obedecer. A palavra que me faz entender que ela está realmente brava comigo é “BRUTTO!” (tradução: FEIO!) Eu sou lindão, mas ela quer me humilhar.

Cresci numa chácara, junto com outro cachorro, com o qual brigava muito. Me deixavam muito fechado. Tenho um temperamento alegre (até demais, dizem minhas mães), mas sou terrivelmente ciumento. Tive um mal entendido com o netinho dos meus donos que resolveram me doar. Foi com eles que aprendi português.

De repente despertei para a realidade: estava numa chácara maravilhosa, toda gramada (a anterior tinha terra e cimento), não tinha outro cachorro para dividir as atenções e eu era FILHO ÚNICO.

Ganhei presentes que consegui destruir em poucas horas. Tinha brinquedos ecológicos: folhas de palmeiras, pedaços de pau e...
Bom isso não seria brinquedo. Seria o pano de minha cama...

Mamãe 1 tentou por um tapete na minha cama...
Entre outros dons e qualidades, eu tenho alma de artista: vejam que lindas figuras consegui!

Ninguém me entende.

Você acha que a chácara é toda para mim? Ledo engano. Sou obrigado a dividir o espaço com pássaros, esquilos, macaquinhos.
Xiiiiiiiiii, mamãe 1 resolveu interferir neste meu desabafo.

“Mio cagnone!” (tradução: Meu cachorrão!) Ela fala comigo em italiano. “Para de querer se passar por vítima. Eles vivem nas árvores, raramente descem no chão, pois você, muito encrenqueiro, não deixa. Todos têm direito a seus espaços.”

Mamãe 1 acabou? Então, me deixa explicar meu ponto de vista: eu não tenho asas, não sei subir em árvores, apesar de que estou tentando, apoiando minhas patonas da frente no tronco, pulando e latindo. Especialmente os safados dos esquilinhos o que fazem? Ficam comendo coquinhos e jogando os caroços lá de cima das palmeiras nas minhas costas. Os macaquinhos ficam me olhando de cima das árvores e rindo de mim. Ora, tenha dó, tenho sangue de cachorro nas minhas veias, não de barata!

Os pássaros também perturbam: comem MINHAS frutas.
“Cross, dá licença, as frutas, antes de suas são MINHAS.”

Mamãe 1 tem o costume de dar apelidos. As que ela chama de galinhas voadoras são jacus; sempre aparecem pai, mãe e um filho pelo menos. Como eu gostaria de pegar pelo menos um frangão desses! Calma, estão em extinção? Não participei desse massacre...

Apresento mamãe 2. Ai, ai... Olha só que mamões lindos que ela acabou de apanhar do pé. Eu tenho um pedaço de folha de palmeira na boca. Não quero largar, quero também os mamões!

Perdi a parada, mamãe 1 está me chamando. “Crooossss” (prelúdio de bronca).

Bom, resolvi encerrar. Sou novo na arte de escrever e não quero cansar “meus leitores”. Será que alguém leu?

Me sentirei muito honrado se alguém quiser ser meu(minha) amigo(a).

Tenho muitas aventuras divertidas, se quiser mais é só me avisar.

Esqueci: acompanhando os tempos atuais, sou muito corrupto. Sou feroz, boa praça só com minhas mães, meus tios Ro-Ro e titia Puxa-Puxa, que me conquistaram com o que mais gosto: ossos.

Lambidona para os fãs que tenho certeza que ganhei.

“Crooossssss, para de ser convencido!”

Assinado Cross
Por Betty Jona "Mamãe 1"