Benedito Simas, conhecido como Dito, está a 40 anos trabalhando no PUC-SP, mais precisamente desde 1º de junho de 1972. Ele começou na portaria do “prédio velho”. Na época ficou assustado com a possibilidade de trabalhar com alunos, mas enfrentou o desafio e permanece na instituição até hoje, já com seus 74 anos. O receio dele era cuidar de filhos de empresários e doutores, mas em poucos meses os alunos já eram seus amigos.
Ele lembrou que entrou na PUC-SP na época da ditadura, na década de 70, quando tinha investigadores por toda a faculdade. Lembrou que um dia ao sair, deu de cara com um camburão do DEIC e que quando chegou em casa viu a notícia de que estavam invadindo a instituição e muitos foram levados em ônibus.
Mas quando a Universidade Aberta para a Terceira Idade chegou à PUC-SP o ambiente mudou. Para ele foi por volta de 1992 que o curso foi aberto. Dito comentava com seus amigos o quanto achava bacana a chegada dos idosos na Instituição. Ele lembrou que os coordenadores chamavam as alunas de “as meninas” e que ele, Dito, também aderiu ao termo carinhoso quando se referia às alunas da UATI. “No primeiro ano, elas se perdem dentro da Universidade, porque aqui tem muitas rampas. Então, eu acompanho as novatas, sempre que necessário, até a porta da sala”, contou, afirmando que faz essa ação com muito prazer e respeito por todas.
E por falar em idoso, a idade do Dito é uma incógnita. A mãe dizia que ele tinha nascido no dia 27 de março, numa sexta-feira santa, no Recôncavo Baiano [BA]. Mas, segundo as histórias que ficaram em sua memória, o pai o registrou como se ele tivesse nascido em 15 de novembro de 1933, com quatro anos a mais, para que ele pudesse votar em determinada pessoa da região. “Eu devia estar com 74 anos, mas estou com 78 pelo registro”, se diverte Dito ao contar.
Bem alinhado, ele contou que a PUC-SP sempre exigiu que os funcionários estivessem bem arrumados para receber bem seus alunos. E quando “as meninas” chegaram, elas quiseram mudar também a cara da portaria. “Elas sugeriram, eu levei a sugestão para a direção e eles acataram, por isso, hoje a portaria está com essa aparência mais convidativa”, explicou.
Dito entra às 7 horas e sai às 15 e às 16 horas, dependendo da semana, porque "também trabalho em alguns sábados". Durante seu expediente, cede todo tipo de informação aos alunos, aos professores e aos visitantes. A aposentadoria já chegou, quando ele fez 33 anos de trabalho. Mas ele precisa continuar trabalhando para compor a renda familiar, o que para ele não é nenhum sacrifício. “Gosto do que faço, do ambiente no qual todos me tratam bem e com alegria, logo não tenho porque pedir para ir embora”.
Para ele, a convivência dentro da PUC-SP com pessoas de todas as idades deixa ele jovem e de “cabeça boa”. “Se eu estivesse na pracinha com outros idosos minha cabeça certamente estaria muito mais lenta do que é”, comentou, brincando com a questão do envelhecimento. “Estar aqui para mim é terapia”.
Como pessoas que marcaram sua vivência na UAM-PUC/SP destacou a aluna Alegria, que sempre lhe trazia bolachinhas e quando ele a via dizia “chegou a Alegria”. E, também, o Prof. Roberto Barreiro, que ele conheceu como funcionário, como aluno, como mestrando e doutorando, foi dispensado e voltou, ou seja, Dito acompanhou toda sua trajetória dentro da instituição e conquistou sua admiração.
Com Lucia, sua esposa, casado há 42 anos, e suas duas filhas – Michele, que lhe deu a neta Laura e a Adriana, que lhe deu o neto Vitor – Dito leva a vida e o seu trabalho com dedicação e respeito.
Dito foi o nosso entrevistado especial em comemoração aos 20 anos da UAM-PUC/SP.
Reportagem e foto:
Célia Gennari csgennari@gmail.com
Ignez Ribeiro ignisignis@uol.com.br
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