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ALDA RIBEIRO: DEDICAÇÃO E GENTILEZA

No vai e vem da vida, Alda nos inspira em cada palavra escrita ou pronunciada

Quer ter orientações básicas de saúde? Procure a médica, de 52 anos, Dra. Alda Ribeiro. Ela está sempre na UAM-PUC/SP. Aliás, Alda está na PUC desde o início desse projeto, ainda quando era UATI, lá pelos idos de outubro de 1991.

Chegou à PUC...

Foi participando das reuniões do Conselho Estadual do Idoso que Alda conheceu o Prof. Antonio Jordão Netto. Ambos eram conselheiros. Após observar que Alda ministrava palestras por todo o interior do Estado de São Paulo pelo Conselho, Jordão a convidou para lecionar na antiga UATI-PUC. "Lembro bem do primeiro dia de aula, da primeira reunião de professores e da Valquíria, professora de fisiognomonia (leitura do rosto)".

A escolha foi feita...

Foi um período que Alda descreve como "uma encruzilhada profissional". Ela tinha três meninas pequenas, de 6, 4 e 2 anos e precisava decidir entre o consultório e a faculdade. "Foi a análise que a Profª. Valquiria fez de mim, do quanto expressava felicidade ao falar do trabalho na faculdade aberta, que me ajudou a abandonar definitivamente o consultório e concentrar toda minha atenção nas aulas", afirmou.

As disciplinas que agradam...

Na disciplina que desenvolve com os alunos da UAM, Alda fala sobre Fisiologia do Envelhecimento (em 3 fases consecutivas) e avaliação dos hábitos de alimentação, de movimento, de pensamentos, de sentimentos e de comportamentos - que são fatores de risco que entram em ação atrapalhando o envelhecimento saudável. Ela, ainda, tem uns temas optativos: memória, emoções e a saúde, e o corpo desenroscado.

Para Alda o corpo é o palco onde os conflitos se expressam. "À medida que o tempo passa o corpo se torna mais vulnerável e quando não conseguimos tomar consciência e elaborar tais conflitos, é o corpo que sofre", explicou. O objetivo das disciplinas desenvolvidas pela doutora é desmistificar a imagem do idoso doente, coitadinho e ajudar os alunos a perceberem o quanto podem fazer para se ajudar. "É sair do papel de vítima e de alguém cheio de culpa para alguém atuante e responsável".

Alda é gente notável...

...porque é carinhosa com todos. "Sinto muito carinho, liberdade, empatia e admiração por meus alunos", afirmou. Suas aulas são verdadeiras relações de trocas, nas quais ela passa para os alunos o que aprendeu e o retorno é o envolvimento de todos nas aulas em questões que podem ser comuns a todos. Ela não tem receios, sente e faz o que sempre se preparou para fazer. "Busco unir ciência e coração", esclareceu.

Interesse antigo...

Alda se relaciona bem com todas as faixas etárias, pois gosta do ser humano, mas sente uma admiração especial pelos idosos, talvez pela convivência, que ela relata ter sido deliciosa, com suas bisavós, avôs e avós, além de ter tido uma babá, que faleceu ano passado, que morou com seus pais desde que ela tinha um ano de idade, e que foi babá das suas filhas também.

Para o leitor ter uma ideia, quando ela tinha 15 anos tinha uma amiga muito querida que tinha aproximadamente 70 anos. A história dessa senhora foi a primeira que Alda escreveu, quando morou no Canadá, onde seu pai, que era jornalista, foi trabalhar. Foi um "dever" passado pela professora de literatura. A avaliação tão favorável da professora foi um grande incentivo para que outros escritos viessem no decorrer de sua vida.

"Fico emocionada quando vejo um idoso que segue pela vida no próprio ritmo, sem pressa, com autenticidade, sem precisar agradar ninguém"
Alda Ribeiro

Escritas finas...

Ela descobriu que tinha vocação para escrever sobre aquilo de que tratava nas aulas. Em dois deles contou com a colaboração da filha mais velha, Ana. Hoje ela já está escrevendo seu 11º livro, intitulado "Faxina Geral", que espera terminar no início do próximo semestre. Para ela, trata-se de uma escrita de certa forma comemorativa da sua maturidade física (a menopausa se aproxima), pessoal (nasceu sua neta) e profissional (a entrada no 21º ano de trabalho na UAM).

Quando pensa em um livro é a capa – a alma dele – que nasce primeiro. Segundo ela, o roteiro e o resto vêm vindo aos poucos. As capas dos livros têm sempre um toque especial: um tapete que a vovó fez, uma almofada da aluna Rosa, uma ilustração da Emaculada, um quadro da Aurora (aluna da PUC Barueri - que retratou uma cena que aconteceu em sala de aula) e no livro que está preparando, um quadro da aluna Vera. Todas feitas pela amiga de Minas Giovana Mujano a partir de fotos que o Paulo, seu marido, tirou.

"Quando estou escrevendo fico aberta para e anoto os insights que acontecem em todos os lugares, especialmente em salas de aula", disse a doutora que aproveita tudo para colocar nos livros, como que se fosse uma homenagem às expressões incríveis dos alunos. Os temas selecionados, que surgem, geralmente por sugestão dos alunos em aula, são colocados como pauta de discussão nos grupos de estudos (um em São Paulo, às quintas, que até pouco tempo aconteciam na casa da saudosa Thereza Mutarelli Paladino e outro em Paraisópolis/MG, às sextas à noite, quando sua avó também participa).

A essência...

Para ela, a essência do seu trabalho é ajudar as pessoas a serem felizes e, consequentemente, mais saudáveis, sendo simplesmente elas mesmas. "Não vejo que a pessoa muda porque envelhece. A idade apenas amplia o que a pessoa é. Quem é generoso torna-se ainda mais generoso. Quem é chato vira mais chato ainda! A idade não transforma ninguém em outra pessoa, ao contrário, ela é cada vez mais ela mesma", concluiu.

Em Paraisópolis...

Alda viaja todas as semanas para trabalhar. Chega de Paraisópolis às segundas pela manhã e volta para lá toda sexta, bem cedinho. "Chego a tempo de tomar o café da manhã com a minha avó, seguida de uma boa conversa sobre nossa semana".

Sexta é o seu dia - aquele em que ela dedica a si própria e no qual não quer ter horários. Conta com o respeito de sua avó e as duas fazem o que é preciso sem se preocuparem com o relógio.

Seu prato predileto é ovo frito com arroz. Sua prima providencia os ovos caipiras e sua avó faz a fritura de uma forma toda especial. Em contrapartida, ela faz para sua avó sua especialidade, omelete de banana. Depois sai para fazer compras e já no início da noite vão se preparando para a reunião com as 12 amigas do grupo de estudos. O início do encontro sempre começa com um lanche. Neste semestre, estão lendo o livro da Gail Blanke, "Jogue fora 50 coisas", porque o tema é a faxina. "Sempre quis que minha avó, que é uma pessoa super interessada pela vida, que adora ler, pudesse participar da universidade aberta, então, encontrei um jeito da faculdade chegar até ela".

Todo semestre ela leva alunas da UAM-PUC para passear em Minas Gerais e conhecerem ao vivo e em cores sua avó, que com seus 94 anos tem uma cabeça que deixa muito jovem para trás.

A avó da Alda é um ótimo referencial de como se organizar a própria vida: reduzir os interesses, focando bem em si, sem se esquecer de dar para o outro aquilo que se tem de melhor. E, acreditem, sua avó é a principal fornecedora de panos de prato da Eneida, que se mudou para Paraisópolis há uns três anos e criou uma barraca de artesanato na praça, para valorizar os artesãos locais. "E um detalhe: gosta de variar nos tipos de biquinhos de crochê e de sempre aprender pontos novos", concluiu.


Alda Ribeiro é médica pela Universidade de Brasília – UnB, especialista em geriatria e gerontologia pela Universidade de Pavia, na Itália, e em medicina tradicional chinesa, pela So-Wen-Milão-Itália. Professora de saúde das universidades abertas à maturidade de São Paulo/Capital, PUC (Monte Alegre, Barueri, Ipiranga), Campos Sales e UniS'antanna. Autora de livros, entre eles: não tira pedaço, Arredondar: a arte de se desenroscar na vida, Driblando a vida: a memória nossa de cada dia e O Corpo Desenroscado de cabo a rabo, é uma das pioneiras, no Brasil, na questão do envelhecimento.

Entrevista: Célia Gennari e Ignez Ribeiro
Fotos: Arquivo de Alunas



 
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