Brega ou Chique
A cidade de São Paulo é considerada a capital da diversidade gastronômica do Brasil.Sua classificação no mundo, também, não fica a desejar.
Entre muitas manias do paulistano, está a de comer sanduíche de mortadela no Mercadão (Mercado Municipal da Cantareira), localizado no centro antigo da cidade. Este Mercadão também chamado de Mercado Municipal de São Paulo, foi inaugurado em 1933. É um mega entreposto comercial de atacado e varejo, especializado na comercialização de frutas, verduras, cereais, carnes, temperos, produtos alimentícios em geral, e possui como complementos, bares e pastelarias.
O edifício foi construído entre 1928 e 1933 pelo escritório do renomado arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, sendo o desenho das fachadas de Felisberto Ranzini. No interior, magníficos vitrais denominados a horticultura, a avicultura, a cafeicultura e a pecuária, elaborados por Conrado Sorgenicht Filho, mostram vários aspectos da produção de alimentos paulistas.
Em 2004, o entreposto sofreu uma grande reforma, os vitrais foram restaurados, a fachada recuperada e construído um mezanino, de autoria do arquiteto Pedro Paulo de Mello Saraiva, com diversos quiosques de comes e bebes.
O Mercado é hoje ponto turístico e de encontro dos paulistanos que gostam de saborear um bom sanduíche de mortadela, no qual o que menos se vê é o pão.
Maltratada e mal interpretada por muitos, a mortadela surgiu há mais de dois mil anos, no Império Romano. La Mortadella, como chamam os italianos e criadores, é um embutido feito com carne suína, bovina e cubos de gordura. É temperada com pimenta preta inteira ou moída, murta, noz moscada e coentro. O que se sabe realmente sobre ela é que os italianos são seus principais consumidores. É apreciada como antepasto, recheio de massas e em molhos.
Contam que a mortadela é feita de carne de cavalo. Tudo não passa de boato, pois, na verdade, o embutido é fabricado com carne magra de porco, sobras cruas de presunto e de copa e depois recebe uma camada de gordura extraída da papada do porco.
Durante a fabricação, a carne é cortada em pedaços e triturada várias vezes, até que se transforme em uma pasta cremosa. Esse processo dura de 5 a 15 minutos. Na sequência, essa massa é embutida em invólucros naturais ou artificiais, as chamadas "tripas". Por fim, essa pasta recebe pequenos cubos de gordura e é levada ao forno, no qual é cozida a vapor. Finalmente, a mortadela recebe uma ducha fria e passa por uma câmara de resfriamento, que a estabiliza.
A origem da palavra mortadela tem duas teorias: a primeira indica que seu recheio era moído finamente, de forma até chegar a uma consistência de goma, sendo usado para isto um instrumento, conhecido em Italiano como mortaio, dando origem ao nome da iguaria. A segunda teoria pode ser derivada de uma salsicha romana temperada com murta, em vez de pimenta, designada pelos romanos como "farcimen mirtatum".
Emília-Romanha (Emilia-Romagna), situada ao norte da Itália, tem 22.124 km² e quatro milhões de habitantes. Sua capital, Bolonha, tem a fama de fazer a mortadela melhor do mundo: a Mortadela Bolonhesa.
A paixão dos italianos pelo embutido é tanta que elegeram em 1971 uma madrinha para o produto, a atriz Sophia Loren, por ela ter estrelado "La Mortadella", filme comédia, dirigido por Mario Monicelli. A atriz interpreta uma napolitana, operária de uma fábrica de salames, que viaja para Nova York, para encontrar o noivo. Para presenteá-lo leva uma enorme mortadela que provoca desconfiança na alfândega. Foi barrada no aeroporto, porque tinha em mãos um alimento estrangeiro que, por lei, era proibido entrar no país. O caso vem a público quando a imprensa e os políticos começam a se beneficiar do assunto.
Tal iguaria chegou ao Brasil na bagagem dos imigrantes italianos no século XIX. Os brasileiros consomem por ano mais de 150 mil toneladas de mortadela e deixam nos pontos de venda cerca de R$ 700 milhões por ano. Os dados são do Instituto ACNielsen, especializado em pesquisas de mercado, e revelam que este é um mercado que cresce, ano a ano, estimulando novos lançamentos.
Para muitos, a mortadela é sinônimo de simplicidade, mas o que se tem certeza é que ela saiu da cozinha, onde era comida às escondidas, e foi para a sala de jantar, com ares de elegância e sofisticação, longe de ser considerada brega.
Mortadela, ambiguidade de brega e chique.
Sueli Carrasco
sueli.carrasco@uol.com.br
Referência Biblográfica:
www.blogvambora.com.br/?Tagsanduiche-de-mortadela
Acessado em 27/01/201
www.wikipédiaorg/wiki/mercadomunicipal
Acessado em 26/01/2011
www.wikipediaorg/wiki/mortadela
Acessado em 26/01/2011
|