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Notícias - Aula Inaugural

A felicidade foi-se embora?

Por Prof. Antônio Jordão Netto

Tendo como sugestivo título acima citado, o Prof. Mário Sérgio Cortella ministrou a Aula Inaugural do Curso Universidade Aberta à Maturidade do 1º semestre do ano letivo de 2018, dedicada aos professores e alunos do curso e aberta ao público em geral, no dia 26 de fevereiro.

Com o Auditório do Teatro TUCA da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo completamente lotado, Cortella cativou durante 90 minutos uma plateia interessadíssima, que em absoluto silêncio parecia, por assim dizer, beber cada uma de suas palavras. Utilizando com extrema maestria conceitos e argumentos sobre o tema, ele assinalou que, embora hoje exista uma espécie de obrigação, de imposição feita pela sociedade, a felicidade não pode ser entendida como um estado de espírito ou sentimento que as pessoas precisam ou devem alcançar ou desfrutar de qualquer maneira ou o tempo todo. Deve ser encarada como uma viagem e não como um caminho determinado, porque não existe um caminho para a felicidade, pois felicidade é o caminho.

Na realidade, realçou, assim como muitas coisas ligadas à vida dos seres humanos, que a felicidade é algo muito difícil de ser definido ou conceituado. Isso porque ela é um estado ou mesmo uma circunstância que pode ter muitos significados, sentidos diversos e duração imprecisa, conforme o tempo, o lugar, a idade das pessoas e de suas experiências de vida.

No meu modo de interpretar sua fala de expositor, penso que ele deixou claro que os grandes pontos de discussão sobre o assunto poderiam ser relacionados das seguintes maneiras:

a) A felicidade pode ser procurada ou surge espontaneamente?
b) É algo que pode ser comparado em termos qualitativos ou quantitativos?
c) É um bem coletivo ou apenas pessoal?
d) É uma situação permanente ou transitória?

Por fim, acredito que o Mestre Cortella deixou algumas indicações importantes para o entendimento do tema, ou seja:


Por fim, acredito que o Mestre Cortella deixou algumas indicações importantes para o entendimento do tema, ou seja: 1) A felicidade é algo impreciso, de muitas faces e significados; 2) Varia conforme o tempo, o lugar e hora vivida pela pessoa; 3) As formas ou maneiras de senti-la ou desfrutá-la dependem das percepções de cada individuo; 4) É imprevisível, pois costuma chegar sem se anunciar e partir sem avisar; 5) É preciso que a pessoa esteja atenta para poder captar o momento, a situação, as circunstâncias onde o sentimento ou estado aparece, porque pode surgir sem que ela dê conta na ocasião (tipo “eu era feliz e não sabia”, como na letra do famoso samba de Ataulfo Alves); 6) Precisamos saber colocá-la onde estamos e não situá-la em lugares ou situações inalcançáveis (lembro aqui os versos do poeta Vicente de Carvalho que escreveu “a felicidade nunca estamos onde a pomos ou nunca a pomos onde estamos”); 7) A felicidade não depende apenas de um momento ou circunstância, mas está muito ligada à postura de cada um ao longo de toda sua vida e das escolhas feitas durante esse trajeto; 8) A felicidade deve ser sentida ou procurada sempre dentro da própria pessoa, porque colocá-la apenas na dependência das outras provavelmente nunca será sentida ou achada. E a grande tirada e conclusão do Prof. Cortella foi, comentando um extremo momento de felicidade pessoal ao perceber o estado de imensa euforia de uma netinha de quatro anos ao receber dele de presente um vestidinho, que naquela ocasião, pela reação dela, ele poderia morrer de felicidade, mas não queria! Foi o mesmo sentimento que tivemos todos ali naquele histórico Teatro durante todo o transcorrer e no final da exposição: poderíamos morrer de felicidade e privilégio de ouvir o grande filósofo brasileiro, mas com toda certeza, ninguém queria!

 
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