OS VALORES HUMANOS E A CONSTRUÇÃO DA PAZ 
                                                                           
                                                                            “Não existe caminho para a paz, a paz é o caminho” 
                                                                            Mahatma Gandhi 
  “Amem a todos, sirvam a todos” 
  Sathya Sai Baba 
  “Amem ao próximo como a ti mesmo” 
  Jesus  
                                                                           
                                                                          A paz é um  valor universal, é também um anseio humano compartilhado por todas as raças,  culturas, filosofias e religiões do mundo. A construção de uma cultura de paz  deriva, em última instância, da qualidade da nossa relação com nossa  interioridade, e isso se reflete na maneira de nos relacionarmos com os demais,  além de definir nossas escolhas na vida. Qual a importância de estar vivo, qual  o seu significado, valor e objetivo? São perguntas que cedo ou tarde todos nós  teremos que nos fazer. É importante perceber que a paz se enraíza numa dimensão  sagrada do nosso ser. A paz não encontra sustentação nos valores do  individualismo liberal e separatista que norteiam nossa cultura. Os valores  desumanos e egoístas fundamentam a violência e a exclusão, por isso causam  infelicidade, medo, dominação e injustiça. Então o que fazer para construir a  paz? Quais os valores que devem nortear uma cultura de paz? Para vivermos a paz  e em paz é preciso ir além dos limites do imediatismo e da ética individualista  e hedonista que permeia a sociedade mundial. Esses valores egocêntricos  alicerçam uma visão destorcida do mundo, das relações familiares, do trabalho,  da sociedade e da natureza. A paz é construída passo a passo, palavra a  palavra, com gestos amorosos de mãos espalmadas e desarmadas dispostas ao acolhimento.  É inegável que estamos sendo forçados a refletir sobre o fato de que nosso  tempo é agora e que precisamos andar juntos com passos determinados em direção  à paz. Esse é o caminho que nossas almas nos incentivam a trilhar, se quisermos  subsistir como espécie. Para isso temos que questionar nosso próprio  comportamento, valores, prioridades e atitudes. Nossos conflitos internos geram  conflitos externos; conforme vamos apaziguando nossos medos, raivas, mágoas e  frustrações vamos, pouco a pouco, nos tornando agentes de paz. Trata-se de uma pratica  cotidiana constante, que transforma confrontos em encontros, e descortina novos  horizontes corrigindo rotas e rumos, que redefine modos de pensar, sentir e  agir. Paz não significa apenas ausência de guerras e conflitos entre nações,  nem momentos de calmaria emocional individual. A paz é um estado de  consciência, o patamar de onde partimos para libertar nossa mente aprisionada a  si mesma pelos fios dos medos, preconceitos, e dos desejos não realizados. O  alicerce da paz é o desapego dos condicionamentos limitadores, culturais,  raciais e religiosos; também é importante saber reconhecer os mecanismos  internos e externos que criam falsos desejos e necessidades artificiais. Para  isso precisamos ouvir o próprio coração e saber o que realmente é importante  para nós. A partir de então agir e oferecer o resultado das nossas ações à  dinâmica da vida, livres das amarras das expectativas. À medida que conseguimos  abrir mão de hábitos e conceitos arraigados permitimos que as transformações  aconteçam e, de modo geral, nossa percepção se refina e nossas capacidades  progridem. A paz começa em nós e conosco. Não bastam discursos e intenções de  construir a paz, é preciso saber que a paz é um compromisso amoroso da alma  individual com as outras almas. É preciso descobrir a importância de ser  humano, unindo o homem natural ao homem intelectual e espiritual. A Paz se  constrói mediante o respeito e a aceitação da pluralidade racial, cultural e  religiosa para que possamos resgatar pelo coração o verdadeiro significado de  liberdade, igualdade e fraternidade. Sem viver os valores humanos, qualquer  discurso sobre a paz torna-se um discurso vazio. Na construção da paz, os  valores humanos e os direitos humanos caminham juntos. Os direitos humanos  seriam naturalmente respeitados se vivêssemos os valores humanos no cotidiano,  então seguramente a paz reinaria soberana. Saberíamos administrar os conflitos  eventuais com discernimento e sabedoria. Todos nós somos convocados para essa  tarefa, embora muitos não aceitem o chamado, e se recusem a participar da  construção de uma cultura de paz. É preciso acreditar que somos capazes de ser pacíficos  e pacificadores. Um mundo melhor, e um modo de vida mais condizente com as  aspirações legítimas do nosso ser, subjaz na nossa própria consciência e é nela  que reside a solução. Estamos perplexos diante da complexidade do momento  civilizatório, mas como dizia Martinho Lutero: “O homem nunca voa tão alto como  quando não sabe para onde está indo”. Vivemos um tempo de incerteza e  perplexidade, é hora de criar novas rotas de voo. Podemos viver e promover a  paz a partir da prática do amor fraterno desde a família, e criar uma inovadora  maneira de conviver com a sociedade. Buscar o encontro e não o confronto  visando o que nos aproxima e não o que nos afasta, e oferecer ao mundo nossa  peculiaridade como contribuição amorosa, responsável e competente. Desse modo  nos capacitamos para servir e amar a vida mais do que a tememos. 
                                                                          Profª Marilu Martinelli 
                                                                            Professora especializada em desenvolvimento humano 
                                                                            gayatriml@hotmail.com 
  
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