QUERIDA PROFESSORA ANA CRISTINA CANOSA
Para a entrevista desta edição o Jornal Maturidades juntou todas as suas forças-tarefas e em equipe fez uma “coletiva”. Ou seja, cada uma das integrantes do Jornal pode perguntar o que queria saber. Conseguimos, dessa forma, uma reportagem muito rica, graças à gentileza da querida Profª Ana Cristina Canosa, psicóloga clínica, terapeuta e educadora sexual, em suas respostas.
Sueli Carrasco – O que a conserva tantos anos como professora em nosso curso?
Ana Cristina Canosa – Eu adoro poder trocar “figurinhas”, falar do cotidiano, trazer informações da minha geração para auxiliar todos na melhor interação familiar. Também curto muito falar de temas polêmicos, discutir, dar uma “sacudida”! Na verdade encaro esse trabalho como troca e aprendizado. É leve. Diferente da pós-graduação onde todas as aulas são mais técnicas e o foco é profissional. Na PUC não. O foco é: Vida! Além disso, sou supermimada pelos alunos, o que é uma DELÍCIA!
Sueli – A que você atribui esse seu bom humor constante? Qual a receita? Há algo na vida que consegue acabar com ele, o que?
Ana – Não sei. Tenho uma essência leve, não carrego culpas e talvez essa seja a minha maior receita. Assumo a responsabilidade por minhas ações e ideias, mas nunca fico me punindo pelas coisas que acontecem. Gosto de viver, amo me comunicar e isso me faz feliz. Agora... há 2 coisas que me deixam muito mau humorada: quando me sinto injustiçada e quando estou cansada e com sono. Fico uma pessoa muito chata nessas ocasiões!
Sueli – Qual foi a situação delicada que você enfrentou na sala de aula em nosso curso?
Ana – De verdade, não sei se já enfrentei situações delicadas, que não seja um ou outro aluno que dorme na sala... rsrsrrs. Enfim, pode ser que tenha acontecido, mas eu não lembro... Acho que não guardo lembranças difíceis.
Ignez Ribeiro – O que a motivou para estudar a psicologia? Houve um motivo especial, contundente, ou foi mais um impulso?
Ana Canosa – Foi mais um impulso. Lembro que na escola fui entrevistar uma psicóloga para saber como era a profissão dela. Gostei. Mas não foi nada muito pensado, desejado... Foi mais uma intuição. Dei sorte! Apaixonei-me pelo curso e pela atividade profissional.
Ignez – Em que momento do curso ouve o despertar para o enfoque da sexologia?
Ana – No quarto ano tive seis meses de uma disciplina sobre sexualidade que gostei muito. Só mais tarde, depois de uns cinco anos de formada que, novamente fui, por impulso, fazer um curso de pós. Meu ginecologista era um dos coordenadores e me perguntou “por que eu não ia fazer?”. Lá fui eu! Me APAIXONEI!
Ignez – Qual, entre as várias correntes da psicologia atual, você vê como mais adequada como sexóloga?
Ana – Faço uma mescla entre a terapia sistêmica e a comportamental. Ou seja, estou sempre “de olho” na dinâmica do casal, no “subsistema” que eles formam e como se relacionam com os outros, mas uso as técnicas da comportamental para sugerir exercícios a fim de melhorar a resposta sexual. Também uso um pouco de psicodrama.
Ignez – Dentro da abrangência de abordagens da psicologia moderna, você se interessa por algum outro campo de trabalho ou estudo? Qual?
Ana – Agora com os programas de TV tenho estudado as teorias e técnicas de mediação e conciliação, que não são exclusivas da Psicologia, mas também.
Rosa Oguri – Elsa contou que colaborou com você em um dos seus livros. Como foi esse trabalho em conjunto?
Ana – O livro que fizemos juntas na verdade é uma Coleção: Crescendo na Sexualidade. Minha mãe ficou com a parte pedagógica, o que se estuda em cada ano do ensino fundamental I e escolheu nos livros didáticos temas afeitos à sexualidade. Eu fui escrevendo o que se espera da criança em cada fase, do ponto de vista da sua sexualidade e sugerindo as atividades a partir do conteúdo. É uma coleção voltada a educadores e foi muito legal trabalhar com a minha mãe nesse projeto. Ela é supercomprometida e entende muito da parte pedagógica.
Rosa – O que você pensa do curso oferecido pela UAM? Quais os pontos fortes?
Ana – Acho um curso muito mais vivencial do que acadêmico. Oferece a integração, a socialização e a atualização cultural. Esses são os pontos mais fortes.
Rosa – Como são suas aulas, do que são compostas, como escolhe os temas e faz a programação para apresentar aos alunos da UAM? Quais são os conteúdos que considera interessantes para os alunos e por quê?
Ana – O primeiro curso, Contos de Fadas, eu nem lembro, acho que tinha uns 25 anos quando ofereci aos coordenadores. Era nova de tudo. Mas estava encantada com o estudo dos contos e achei que seria legal. Emplacou. Tive que quebrar a desconfiança dos alunos, por eu ser muito nova. Mas logo fui aceita. Depois, o de sexualidade veio com minha especialização no assunto. Então, pensei: “como o curso é 98% composto por mulheres é interessante resgatar o percurso da mulher através das Grandes Mulheres da História”. Os outros cursos eu “bolei” junto com os alunos... A gente vai conversando e eles vão dizendo o que querem. Se eu for capaz de assumir, penso no conteúdo e estruturo as aulas.
Rosa – Como se sente participando do programa de TV? Qual a proposta da sua participação?
Ana – Eu amo tanto quanto gosto de dar aula, palestra e tal. Só é diferente por causa da produção, da técnica e tudo o que envolve a TV. Sou muito bem humorada com a equipe e eles respeitam muito o meu trabalho, desde o câmera até o diretor. Todos se envolvem, sentem o problema e pensam em como as coisas podem melhorar. É muito bom! É ótimo levar o trabalho de conciliação para a TV e desmistificar o psicólogo, que muitos ainda acham que só serve para ajudar os loucos!
“Sou fã de carteirinha da Ana Canosa. Tenho muita admiração pelo que ela é e faz! Suas aulas são atuais, vão desde aconselhamentos para relacionamentos, como dicas para vários problemas de vida, histórias de mulheres ao longo da história do mundo, sexualidade (nos levou a conhecer um sex-shop)... É jovem, mas parece ser muito “madura” para resolver os “casos” de casais no seu programa do SBT...”
Rosa Oguri
Albanita de Paiva – Agora, mãe, com o nascimento do Théo, seu filho biológico, o que mudou em você como ser humano, além das obrigações rotineiras de cuidar do bebê / criança / filho crescendo em plena arena de aprendizado desse mundo tumultuado de hoje?
Ana Canosa – Mudei. Sofro mais com os problemas do país. Sempre penso nele e como vai crescer nesse mundo. Só de pensar que algo de ruim pode acontecer, dói no fundo da alma. Mas sou uma pessoa livre e crio ele da mesma forma. Vai fazer quatro anos, tem os amigos, vai para a casa deles brincar, dorme na casa dos avós, já passou uma semana fora de casa, viajando com a avó paterna e os primos! Rsrsrrs
Albanita – Em que mudou a sua maneira de pensar?
Ana – Agora eu penso por dois, pela família e não só em mim, e isso é bem diferente!
Albanita – Será que mudou também a interpretação dada a alguns dos Contos de Fadas transmitidos aos adultos?
Ana – Acho que não. Na verdade, eu me divirto em perceber que muitos conceitos e teorias da psicologia tem tudo a ver. Claro que sou mil vezes mais tolerante com as mães e avós: a gente percebe que não é fácil educar e que criticar condutas sem saber o que está acontecendo é uma maneira leviana de enxergar os outros. A maioria das pessoas quer acertar com os filhos e netos!
“E em homenagem ao seu sentimento de amor como filha e mãe, eis, com o meu grande abraço, admiração e respeito, o que disse Santo Agostinho sobre o amor: ‘Eu ainda não amava e já gostava de amar. (...) Gostando de amar, procurava um objeto para esse amor’”
Albanita de Paiva
“Fomos muito felizes em receber aulas com a Ana Canosa, aulas estas que foram ótimas e das quais sentimos saudades”
Lela Saadi
MÃE E FILHA, ALUNA E PROFESSORA
“No decorrer dos mais de 20 anos da UAM-PUC SP, seus coordenadores têm se esmerado em oferecer aos seus alunos uma grade de cursos de ótimo conteúdo, bem como convidar excelentes professores para os ministrar. Entre eles, coube-nos entrevistar para o nosso jornal a Profª Ana Cristina Canosa, psicóloga, que já nos brindou com vários cursos, os quais têm uma ótima aceitação por parte dos alunos e são aguardados com expectativa, por suas abordagens atualíssimas e oportunas. Mas o que dá a essa entrevista um toque especial, uma abordagem diferente, é termos sua mãe Dona Elsa Silva Palhaes, como aluna da UAM-PUC-SP, nossa colega, desde o ano passado”.
Ignez Ribeiro
Elsa Silva Palhaes, pedagoga, mãe da Profª Ana Cristina Canosa nos contou que a união da família é muito forte. Reuniões nos almoços de domingo, nos aniversários, em apresentações musicais e demais eventos sociais, fazem parte da vida em família.
Amor, amizade, trocas educativas e cumplicidade é o recheio da interação entre mãe e filha. E na UAM-PUCSP, a mãe Elsa admite que seus olhos brilham quando os colegas dizem que gostam muito de sua filha como pessoa, professora e por sua capacidade profissional.
Elsa comentou que entrou na UAM, convencida pela filha. Ela estava aposentada há três anos e longe das atividades educativas. Hoje, Elsa se sente muito contente por fazer parte da UAM, por ter feito novas amizades e adquirido novos conhecimentos, que eram seus objetivos.
Animada, ela faz parte também do Coral da UAM-PUCSP. “Cantar em coral era uma pretensão antiga, que não consegui realizar enquanto trabalhava. O Coral da UAM atende às minhas expectativas, pena que muitos alunos não tem comprometimento à altura”, comentou. “Sempre gostei de música, dança e das artes em geral. Na minha casa iniciaram-se várias bandas de Rock, pois tenho um filho baterista que, atualmente, é músico profissional”.
Sobre sua participação na produção da coleção sobre sexologia no ensino fundamental com a Ana, contou que, na época, trabalhava como coordenadora pedagógica em uma escola da PMSP, tendo um olhar atento para as descobertas sexuais que ocorriam nos alunos na faixa etária entre 6 e 12 anos. Para ela, foi muito gratificante poder transmitir estes conhecimentos com o conteúdo produzido em parceria com sua filha.
Sobre os tempos atuais, a pedagoga, comentou que o que a surpreende negativamente são: a violência, a falta de amor ao próximo, o descaramento político e as leis ultrapassadas. “Mas, felizmente, existem movimentos sociais que querem melhorar os padrões de vida de nossa sociedade e também o despertar da nossa população para a cidadania”, lembrou.
Entrevista produzida por:
Albanita de Paiva, Célia Gennari, Ignez Ribeiro
Lela Saadi, Rosa Oguri e Sueli Carrasco
Fotos: Arquivo Pessoal
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