A velhice deve ser farta de liberdade
Por Lea Besen
Na íntegra, o texto de poetisa americana sobre a liberdade da velhice:
“Quando eu ficar velha, vou me vestir de púrpura.
Com um chapéu vermelho que não combina e não me deixa bem.
Quero gastar minha aposentadoria em conhaque, luvas de seda, sandálias de cetim, e depois dizer que não sobrou dinheiro para a manteiga.
Quero sentar-me no chão quando estiver cansada, pegar amostras grátis nas lojas, apertar os botões de alarme, raspar minha bengala nos gradis das ruas.
Para compensar a sobriedade de minha juventude, vou sair de chinelos na chuva, e colherei flores nos jardins alheios.
E vou cuspir no chão.
Vou usar blusas horríveis, vou poder engordar.”*
Entendo a preocupação da minha família com a minha saúde. Tenho 78 anos e sei que isto se deve ao amor que todos sentem por mim e fico muito grata e comovida por isso, mas sou uma pessoa independente, lúcida, com boa saúde, com problemas administráveis e sob controle.
Posso sair, passear, fazer o que quero. Tenho projetos que dão significado à minha vida e, devido a isto, perder o medo de envelhecer é que me permite que eu construa uma bela velhice para usufruir o aqui e agora.
Quero envelhecer do jeito que eu escolhi e sempre me surpreender com a vida e não me aposentar de mim mesma, ter tempo e liberdade para fazer o que realmente gosto.
Quero ser livre, leve e solta, jamais perder a curiosidade e o entusiasmo de viver.
Quero fazer da terceira idade uma época inesquecível da minha vida, aceitar o envelhecimento como necessário para o meu crescimento pessoal e, acima de tudo, cercada pela minha família por quem sou apaixonada.
Comecei o texto com uma poetisa desconhecida do século passado e termino com o poema de uma menina da geração século XXI.
Poema de Sofia
Por Sofia Salvi Besen (neta de Lea)
Voar
Quando eu quero voar,
eu olho pelo janela,
Quando quero sonhar,
eu fecho os olhos...
Quando eu quero pensar,
não ouço mais ninguém.
Quando quero mudar,
Sou eu mesma.
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