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A velhice deve ser farta de liberdade

Criando estórias:
Palavras francesas integradas ao nosso português


Por Gisele Pustiglione, Ilza Spinelli, Janete Salfatis e Marilia Skaf*

As palavras de origem estrangeira normalmente passam por um processo de aportuguesamento fonológico e gráfico. Essas palavras são tão frequentes em nosso cotidiano que muitas vezes nem percebemos que estamos usando um estrangeirismo, pois já as sentimos como portuguesas. Abaixo, em negrito, palavras que a língua portuguesa tomou de empréstimo à língua francesa.

Na avenida onde fazíamos balé, todas as alunas usavam batom cor de rosa. Além das aulas havia também um comércio de bibelôs, bijuterias, cachecol, bonés, buquês de flores, crochês, envelopes, maiôs, maquiagem, tricôs, abajur, tudo com etiqueta de grife. Quase tudo era na cor bege, era clichê.

Na esquina dessa escola tinha algo que queríamos muito conhecer: um rendez-vous! Muita bebida era oferecida: do champanhe ao conhaque. Para quem não apreciava álcool havia groselha ou leite pasteurizado. Para comer tinha escargot, seguido de maionese, patê, omelete e purê. De sobremesa o especial era marrom glacê. Era sempre o mesmo garçom que servia as porções. A decoração do bufê era medieval.

As madames que lá frequentavam recebiam cachê. Enfim, era um chalé chique que tinha por nome Cabaré Carrossel. O croqui da maquete tinha sido feito por um arquiteto famoso na década de 50.

Rolavam muitos flertes e alguns, não sabendo das normas da ‘casa’, cometiam gafes terríveis. Havia um dossiê que documentava tudo.

Um dia, as madames resolveram fazer greve: não trabalharam. Detalhe: os pagamentos pelos serviços não prestados foram devolvidos no guichê.

Outras vezes aconteciam brigas e o cassetete ‘corria solto’: o pivô era sempre as ‘madames’. A pior briga aconteceu quando um camelô se vestiu de pierrô e quis entrar no recinto: foi um choque, porque foi um complô dos maçons.

Enfim todos foram para a delegacia na carroceria de uma caminhonete marrom. Era tanta gente que o chassi dela quebrou. Chegando lá, fizeram chantagem com o delegado que tinha um belo cavanhaque. Irritado, ele determinou que era preciso comprar um cupom que dava ‘direito’ a usar a toalete e o bidê. Quem conseguiu sair da delegacia ganhava um carnê com direito a um edredom recém-vindo da lavanderia, embrulhado em papel crepom, desenhado com creiom.

As madames mais poderosas tinham chofer impecável. Eles sempre usavam um patoá na lapela e outro no guidom do carro. Estavam todos à espera delas na saída da delegacia. Só um deles não pode comparecer, pois estava com uma gripe muito forte. Na verdade, descobriu-se no dia seguinte que ele tinha ido a uma matinê assistir um filme que tinha acabado de entrar no circuito. Como se diz no jargão da categoria, “não se pode confiar em tudo que é dito”.

*Esta estória é fruto de um exercício de escrita solicitado pela professora Yvette Datner da disciplina “Do Frufru ao Abajur: a influência francesa na cultura brasileira”. Foi criada em classe por Gisele Pustiglione, Ilza Spinelli, Janete Salfatis e Marilia Skaf, da classe IVH.

 
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