CAMINHO TRILHADO: Marília Marino
Profª Drª Marilia Josefina Marino, coordenadora acadêmica do Curso de Extensão Cultural da Universidade Aberta à Maturidade (UAM), da Faculdade de Educação da PUC-SP, é a nossa entrevistada desta edição. Ela nos apresenta o caminho trilhado, seus sentimentos e a relação com a Terceira Idade.
Jornal Maturidades – Gostaríamos de saber sobre suas escolhas na formação.
Profª Drª Marilia Josefina Marino – Venho de uma família italiana que se radicou no Brasil desde o início do século XX. Sou da 2ª geração! Nasci em 1949, na cidade interiorana de Rio das Pedras. Fiz o estudo primário lá, em Escola Pública e o “ginásio” em Itu – Colégio Nossa Senhora do Patrocínio, em regime de internato, como era o costume “ainda” na família, para as mulheres.
JM – Por que escolheu a área de Educação?
Profª Marília – Segui a tradição fazendo o Curso Normal (magistério) no Colégio Nossa Senhora da Assunção em Piracicaba, já em regime de externato, época em que me apaixonei pela Filosofia, Psicologia e Sociologia, vendo a Pedagogia como caminho no qual poderia estudar as três áreas em uma perspectiva de atuação concreta na Educação – possibilidade de formar as novas gerações, tendo em vista uma sociedade mais justa e mais humana. Atuava na JEC – Juventude Estudantil Católica, realizando vários trabalhos sociais com pessoas de todas as idades.
Em 1968 cursei o 1º ano de Pedagogia na PUC-SP e, devido ao meu envolvimento político, concluí o curso na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras em Rio Claro. Como aluna, desenvolvi vários trabalhos nas Escolas da região, inspirados em Paulo Freire e Piaget, exercitando a perspectiva do trabalho em equipe!
Em São Paulo (1972) cursei Orientação Educacional e trabalhei como coordenadora pedagógica-educacional em Escola particular da capital.
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JM – E onde entrou o Psicodrama?
Profª Marília – A escolha sonhada para a especialização, desde a graduação em Rio Claro, foi Psicodrama. Realizei a leitura das obras de Buber, com quem o fundador do Psicodrama – Jacob Levy Moreno - trabalhou nos tempos de Viena e fiquei encantada com a possibilidade de unir Teatro espontâneo e Educação, cultivando diferentes linguagens e tendo no horizonte a questão da condição humana.
JM – Qual sua identidade profissional?
Profª Marília – Cursar o Mestrado, concomitante à especialização em Psicodrama, articulando as áreas da Educação e Psicologia, e depois o Doutorado em Psicologia Clínica na PUC-SP, produzindo trabalhos científicos envolvidos com a formação de psicodramatistas, à luz da filosofia existencial, possibilitaram-me definir a identidade profissional: Professora Universitária – Pedagoga-Psicodramatista. Docente inicialmente no ciclo Básico da PUC-SP (1979) e com sua extinção, na Faculdade de Educação – Departamento de Fundamentos da Educação, onde a U.A.M. nasceu em 1991.
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JM – Em quais contextos atua profissionalmente?
Profª Marília – O trabalho como educadora psicodramatista, docente da PUC-SP e o envolvimento atuante no Movimento Psicodramático têm me possibilitado atuar em diferentes contextos: Escola, Comunidade e Empresas Públicas. Em todas elas, a preocupação com a formação e o desenvolvimento de pessoas têm sido a linha mestra. Este caminho trouxe lastro para construir o Convênio firmado entre a PUC-SP e a Sociedade de Psicodrama de São Paulo (SOPSP) responsável pelo curso de formação em Psicodrama / COGEAE (especialização / pós-graduação lato-sensu) a que respondo como docente e membro da Coordenação desde 1996. Deste lugar, muitos trabalhos foram desenvolvidos em uma perspectiva intergeracional.
Cabe ressaltar trabalhos desenvolvidos em nossos Congressos de Psicodrama voltados para a comunidade, na atividade EM CENA e os desenvolvidos no Centro Cultural São Paulo, voltados para a população da cidade.
UNIVERSIDADE ABERTA À MATURIDADE
JM – Como chegou à UAM?
Profª Marília – Como integrante do Departamento de Fundamentos da Educação, as notícias do nosso curso de Extensão chegavam eventualmente em momentos de revalidação do Projeto, da qual participei sempre com admiração, despertando o desejo de em algum dia, oferecer alguma unidade temática!
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Ao integrar a Câmara vinculada à Pró-Reitoria de Educação Continuada (PROEC) desde o segundo semestre de 2013, representando a Faculdade de Educação, fui informada das mudanças ocorridas na Coordenação da UAM com a aposentadoria do Prof. Fauze Saadi e do propósito de se buscar uma participação mais efetiva da Faculdade em seu Projeto, trazendo contribuições para o mesmo, junto com o Prof. Dr. Antônio Jordão Netto, à época, integrante do nosso Departamento e hoje, professor colaborador da COGEAE, na função de coordenador técnico.
Participei durante os primeiros meses de 2014, das negociações que tiveram em vista pensar um novo modelo para a coordenação do Projeto, tendo a oportunidade de conhecer o mesmo, mais intimamente.
Com a validação do princípio democrático da rotatividade na coordenação do representante da Faculdade de Educação, até então, atribuição da Profª Drª Terezinha Calil e ocorrendo a vacância do cargo, candidatei-me à função de coordenação acadêmica, no concorrido processo seletivo interno, aberto pelo Departamento de Fundamentos da Educação. Foi um prazer receber a notícia da aprovação ainda em junho e preparar-me para assumir a função em agosto de 2014.
JM – Como se deu seu primeiro contato com os alunos e com os docentes?
Profª Marília – Ao assumir as atribuições junto com o Prof. Jordão, participei efetivamente das reuniões pedagógicas (semestrais), das reuniões com representantes de turma (quinzenais) e dos plantões (semanais), respondendo em conjunto pelos campi Monte Alegre, Ipiranga e Barueri. Este último ficou sob minha inteira responsabilidade, com visitas quinzenais durante todo o segundo semestre de 2014. Assim foi-se dando meu contato com os docentes, representantes de turma e alunos, possibilitando-nos acolher a comunidade docente e discente, reconhecendo necessidades de diferentes âmbitos, encaminhando, quando possível, soluções aos setores internos da PUC-SP, ou em reuniões presenciais junto à PROEC.
JM – Atualmente, há uma preparação do docente para os idosos?
Profª Marília – Para trabalhar na UAM, além do currículo apresentado e da proposta formulada, a coordenação sempre teve o cuidado de conhecer o candidato e ver sua disponibilidade para o trabalho, considerando esse ciclo da vida. No entanto, desenvolver atitudes que favoreçam a aprendizagem significativa em grupo é um desafio constante! O exercício da escuta é sempre fundamental, aliada ao voltar-se para o cultivo da curiosidade presente em todas as idades e que se sustenta quando as áreas dos diferentes saberes entrelaçam-se à experiência vivida! Precisamos todos investir em nossa Educação Continuada!
Com os encontros pedagógicos para esse fim, abre-se a perspectiva de reunirmos nossos saberes e mobilizarmos também grupos de pesquisa, afinados com os objetivos da Educação para a Maturidade, intra e extra PUC-SP.
JM – Quais as propostas para a UAM no segundo semestre?
Profª Marília – Há perspectiva de expansão e conhecimento de nosso Projeto, abrindo nossas Oficinas/Optativas para interessados externos pagantes, que esperamos possa se concretizar já para o segundo semestre de 2105.
Uma nova oficina também está sendo proposta: Trabalho cidadão – uma ação social transformadora e contaremos com a equipe do Núcleo de Trabalhos Comunitários (NTC), vinculado à Faculdade de Educação. O “Adendo ao Projeto da UAM” já tramitou e obteve aprovação do Departamento de Fundamentos da Educação e da Faculdade e pelo PROEC.
Um espaço que já está possibilitando trocas e o nascimento de boas ideias é a conquista, conforme reivindicação de nossos professores, de uma sala especial com cafezinho e água para a chegada e intervalo das aulas. Esperamos que os laços fortaleçam-se sempre mais!
JM – Como vê a situação do idoso dentro da sociedade moderna?
Profª Marília – Muito ainda cabe ser feito, tanto pelos governantes, quanto pela sociedade civil, principalmente tendo em vista a população de idosos em situação de vulnerabilidade social!
JM – Gostaria de deixar uma mensagem?
Profª Marília – Espero somar à experiência e sabedoria dos que me antecederam na criação e concretização do Projeto UAM, minha caminhada como educadora que se até aqui, investiu principalmente na formação de formadores tendo em vista as novas gerações, agora abre-se à importância de acolher “o envelhecer em nós”... não como fim de um caminhar pela vida, mas como etapa de recolher o semeado e por que não fertilizar e fertilizar-se com novas sementes de sonhos concretizados em projetos, em que uma sociedade mais justa e mais humana, para todas as idades, é o horizonte maior!?
A entrevista foi estruturada pela equipe do Jornal Maturidades. Para conhecer, acesse a seção Quem Somos.
Fotos: Célia Gennari
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