Lentilha
A origem do seu nome vem do latim “lentícula”, diminutivo de lente. As sementes da lentilha foram encontradas em sítios arqueológicos do Oriente Médio.
Durante milênios, as lentilhas têm sido tradicionalmente comidas com cevada e trigo, três gêneros alimentícios originários da mesma região que se espalharam por toda a África e Europa durante as migrações.
A leguminosa era apreciada no Egito, onde era servida nas sopas. Os assírios também a utilizavam, e documentos mostram que era cultivada nos famosos jardins suspensos da Babilônia, no século VIII a.C. Na Grécia antiga, a lentilha era conhecida como alimento de sustância para pobres. Nessa época, os ricos diziam que não a comiam.
Atualmente, contrariando a sua saga, a lentilha simboliza riqueza e por isso é um alimento que não pode faltar na ceia de Réveillon.
No século XVI foi introduzida na América, mas só com o término da Primeira Guerra Mundial passa a ser cultivada nos Estados Unidos e Canadá, sendo esse último, hoje, um dos maiores produtores e exportadores mundiais de lentilha.
Sem conhecimento científico, os povos antigos utilizavam suas propriedades medicinais. Na Renascença, empregava-se a lentilha na recuperação dos doentes. A mesma era ministrada como remédio para controlar as pessoas de temperamento insuportável. Com a parte herbácea, faziam poções usadas como coagulante nas hemorragias.
Como é vendida seca, precisa ficar de molho, aumentando de volume durante o cozimento, que é outro sinal de bom augúrio. Desde a antiguidade já se fazia menção sobre a prosperidade que a lentilha trazia, como no Antigo Testamento. Esaú nem imaginava, mas ele foi o primeiro a se beneficiar de sua magia.
Ao voltar de uma caçada, faminto, Esaú encontrou o irmão gêmeo Jacó fazendo uma sopa de lentilhas. O aroma aguçou mais ainda o seu apetite. O esperto Jacó sabia que o irmão não iria resistir à tentação da tal delícia.
“Dê-me dessa comida”, implorou Esaú. “Vende-me o teu direito de primogênito e eu te darei um prato dela”, propôs Jacó. Esaú aceitou o negócio: “Estou morrendo de fome e não faço questão desse direito”. Jacó insistiu: “Jure”. Resposta de Esaú: “Juro”. Esaú abriu mão do direito de primogênito por aquele simples prato de lentilhas. A trama não acaba aí. Jacó passou pelo irmão, enganando o pai velho e quase cego, para obter a bênção especial que confirmaria sua conquista. Esaú se enfureceu, chegou a pensar em matar Jacó, que fugiu. Após seu retorno, Esaú o recebeu fraternalmente e selada a reconciliação, cada um seguiu o próprio caminho. Ao abdicar do direito de primogênito, Esaú abriu mão de suceder o pai como patriarca da família. Mas com o passar dos tempos, tornou-se um homem muito rico. A história afirma que isso só aconteceu porque comeu o prato de lentilhas.
No Brasil chegou pelas mãos dos imigrantes europeus. Sua cultura não resiste às altas temperaturas, daí a sua adaptação na região Sul do Brasil.
Lentilha, a pequena notável...
Sueli Carrasco
sueli.carrasco@uol.com.br
Fontes:
http://www.cozinhavapza.com.br/lentilhas
Lentilha, um passeio pela história da humanidade
Acessado: 20/04/2013
http://pt.wikipedia.org/wiki/lentilha
Acessado: 20/04/2013
http://revistagosto.uol.com. br/lecticiacavalcante-simbolismo-lentilha-temple
Acessado: 23/04/2013
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