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Maturidade Conectada

Por Luciana S. Corrêa*

Desde 2013, tenho vivido uma das experiências mais transformadoras de minha vida profissional ao me tornar docente da Universidade Aberta à Maturidade da PUC - SP.

Nestes seis anos conheci e tenho convivido com pessoas extraordinárias, alunos, professores e funcionários, que têm me proporcionado um caminho repleto de aprendizados, entre os quais, o mais relevante, é a compreensão da apropriação tecnológica na vida cotidiana das pessoas maduras.

Assunto controverso, para o senso comum maturidade e tecnologia são conceitos que não se misturam. Envolto num certo viés de preconceito social, o pensamento que estabelece que as pessoas maduras são refratárias aos avanços tecnológicos, na minha visão, não poderia estar mais distante da realidade.

Costumo lembrar em minhas aulas que as gerações que estão hoje na casa dos 60, 70, 80 ou 90 anos tiveram papel ativo na construção do mundo tecnológico que vivemos hoje.

Sensibilizada pelo ritmo alucinante das inovações tecnológicas que ocorreu após a II Guerra Mundial, a pessoa madura do século XXI testemunhou alguns dos avanços mais impressionantes da humanidade. Ela viu a corrida espacial de perto e se impressionou quando o homem chegou à Lua, acompanhou o lançamento da sonda espacial Voyager no fim da década de 1970 e desde então se acostumou a receber imagens daquela que ficaria conhecida como a missão mais longa da história, conhecendo os planetas que fazem fronteira em nosso sistema solar. Este grupo etário também testemunhou o desenvolvimento da cibercultura a partir da microinformática e do computador pessoal na década de 1970, passando pela popularização da internet a partir da década de 1980 e as redes sem fio e os telefones celulares da década de 1990, chegando, por fim, a este início de século, com o desenvolvimento da computação móvel e “novas tecnologias nômades”, entre as quais se destaca o smartphone.

Sendo assim, como é possível achar que o gosto, o interesse e a familiaridade com as inovações tecnológicas são atitudes exclusivas das novas gerações dos chamados “nativos digitais”?

A busca pela resposta a esta pergunta me levou à pesquisa acadêmica que defendi no início de 2018.

Entre os meus achados, entendi que, longe de desinteressadas ou refratárias, as pessoas que hoje chegam à maturidade estão atentas às inovações tecnológicas que as cercam. Porém, diferentemente dos jovens “nativos digitais”, este grupo etário busca a praticidade e o sentido da aplicação dos dispositivos tecnológicos em seu cotidiano. A eles não interessa a tecnologia pela tecnologia, mas sim, a tecnologia que melhora a sua vida, que lhes permite manter relacionamentos relevantes e de qualidade com as pessoas que lhes são importantes, que lhes apoiam na manutenção de uma rotina ativa e significativa.

Para esta turma o WhatsApp é essencial. Skype, acesso às redes sociais digitais (Facebook e Instagram se destacam), aplicativos de geolocalização, como o Waze ou o Google Maps, serviços de táxi e aplicativos bancários são mais importantes para eles do que games ou vídeos que são onipresentes na vida dos mais jovens.

Assim, proponho uma visão na contramão do senso comum, desconstruindo a ideia de que maturidade e tecnologia não se misturam. Entendo que, de alguma forma verdadeira, esta afirmação certamente não pode ser dada como uma realidade absoluta que venha a ser generalizada para todo este grupo etário.

Desconstruir uma imagem enviesada da apropriação tecnológica pelas pessoas maduras é o meu maior incentivo para continuar pesquisando, ensinando e trocando muitas ideias e experiências com um grupo de pessoas tão fascinantes.

*Luciana S. Corrêa é mestre em Comunicação e Práticas de Consumo, pela ESPM – SP. Pesquisadora, desenvolve conteúdos e palestras sobre os temas do consumo, da longevidade e da tecnologia.

 
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Edição Nº 29
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