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FAZER ARTE NÃO TEM IDADE

Por: Fabio R. Ledesma*

A exposição Fazer Arte Não Tem Idade foi a demonstração do resultado de um ano de Oficina de Arte realizado na ILPI Santa

A Oficina de Arte foi parte de um projeto maior, apresentado ao Conselho Municipal de Direitos da Pessoa Idosa (CMDPI) e aprovado para realização com recursos do Fundo Municipal do Idoso. O projeto previu a compra de itens de necessidade básica, como produtos de limpeza e higiene, além de serviço de Fisioterapia e Oficina de Arte, sendo realizado em um período de doze meses, se mostrando exitoso ao final do projeto.

A Oficina de Arte surgiu da necessidade do idoso diante de novas formas de se encarar a velhice. O asilo passou a ser ILPI e com a mudança da denominação da instituição vieram mudanças na forma de atuação. O conceito de abrigamento deixou de ser utilizado e o acolhimento passa a ser praticado e, com essa mudança, o idoso que opta ou necessita de institucionalização passou a não ser visto apenas como alguém sem ter onde morar, mas alguém que é avaliado em âmbito biopsicossocial, e, com isso, a ILPI passa a oferecer não somente moradia como também opções de lazer, cultura, informação e entretenimento.

As atividades ofertadas não bastam servir como passatempo e livrar o morador do tédio: precisa permitir que este morador possa ter benefícios que vão além de esperar que o dia passe. Assim sendo, as atividades foram planejadas pensando no bem estar físico e psicológico dos acolhidos, sendo escolhidas Fisioterapia e Arte, uma combinação que se provou eficaz para a mente e o corpo.

A Arte não é apenas uma forma de se manter ocupado. Vai além disso: traz à tona potencialidades artísticas que, quando se trata de idosos, podem ter passado a vida latentes, posto que os participantes relatam que se ocuparam durante toda a vida de atividades laborais, sem tempo ou com tempo limitado de atividades de lazer. Também é importante citar que, como conta a profissional que ministrou a oficina, os participantes apresentaram melhoras na coordenação motora fina, firmeza nos traços, além de ganhos em socialização e autoestima.

No âmbito psicológico, ao se trabalhar com pessoas idosas, por vezes eles não conseguem se expressar de forma verbal. Então, mais uma vez, a Arte pode suprir a demanda, se tornando um canal viável de expressão de sentimentos, onde o indivíduo pode libertar sua criatividade.

O aprendizado de Arte expõe também a premissa freiriana da contínua formação do sujeito, colocando o indivíduo como sempre capaz de aprender. Mesmo em uma idade onde o senso comum fala sobre descanso e repouso, frequentemente o idoso demostra vontade de aprender, conhecer e ir além.

A oficina começou com pintura em folha de papel com lápis de cor e recortes, depois passou a pintura em folha de papel com tinta, pintura em pano de prato e, por fim, pintura em telas. Além da pintura, foi trabalhado escultura e papietagem, porém o foco principal se deu na pintura, que pode ser utilizada como relaxamento e expressão de sentimentos, ocasionando ganhos secundários em socialização entre os participantes, além de melhorar o vínculo entre os moradores.

Vale a pena enfatizar que a oficina foi frequentada por pessoas com dificuldade de movimento nas mãos, pessoas portadoras de transtorno ou deficiência mental, apresentando bons resultados com esses acolhidos tanto em coordenação motora e firmeza dos traços quanto em saúde mental.

A exposição foi realizada ao final da Oficina. A experiência se mostrou bem sucedida. Uma fisioterapeuta foi contratada para além do projeto, com recurso da ILPI e a oficina de Arte prossegue no projeto Espaço Acolhedor, desenvolvido, dessa vez, com recurso federal proveniente do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, prevendo agora, também, oficina de Educação Física e Nutrição, aliando bem estar físico, mental e nutricional aos moradores.

A continuidade do projeto denota não apenas o sucesso da oficina, mas também o quanto o idoso tem vontade de aprender, se aperfeiçoar e continuar sua formação enquanto sujeito.


* Graduado em Psicologia, Mestre e Doutorando em Desenvolvimento Comunitário na Universidade Estadual do Centro Oeste-UNICENTRO, atua como Psicólogo na ILPI Santa Rita e como docente do curso de Psicologia da Universidade do Contestado - UnC. E-mail: fabio.rled@gmail.com

 

 
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