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A Semente Saborosa #



A SEMENTE SABOROSA

Por Sueli Carrasco

Port Mahon em 1756

ARACHIS HYPOGAEA, nome nobre que recebeu o nosso saboroso amendoim. Planta anual da família das Fabaceae é também conhecida como leguminosa, cujos frutos do tipo legumes, contêm sementes apreciadas na gastronomia mundial.

A planta do amendoim é uma erva com caule pequeno, folhas contendo quatro folíolos de formato elíptico. Seu fruto é do tipo vagem. Suas flores são pequenas e amareladas, que depois de fecundadas têm o ovário transferido para o solo, onde os legumes se desenvolvem.

A origem do amendoim é incerta. Segundo alguns historiadores, é oriundo da América do Sul (Argentina, Bolivia, Brasil, Peru ou Leste dos Andes) e muito utilizado pelos indígenas. Provas são os trabalhos – potes e vasos de barro – encontrados em formato de amendoim. Nos túmulos dos Incas foram encontrados potes com amendoins com o propósito de o morto poder alimentar-se na passagem para outra vida. 
Outros estudiosos acreditam que quando os portugueses aqui chegaram ele já era cultivado pelos nossos indígenas. Tinha o nome de Mani, que significa enterrado em tupi guarani.


Sua rota pelo mundo:

  • Na China, muitos anos antes de Cristo, foram encontradas provas que eles já eram grandes cultivadores do amendoim. Porém, pesquisadores citam que foi introduzido por comerciantes portugueses no século XVII e por missionários americanos no século XIX. Tornou-se popular e utilizado para o preparo de muitos pratos da culinária chinesa. No século XX, durante os anos 80, a produção aumentou significativamente, e em 2006 a China era o maior produtor de amendoim do mundo. Um fator importante para esse aumento foi a mudança do sistema comunista para um sistema de economia de mercado livre, quando os agricultores escolhiam o que plantar e o que vender.

Hoje, é o maior produtor e consumidor da semente do mundo, e ele é usado principalmente como matéria-prima para a produção de “óleo de amendoim”. E em receitas, como o frango xadrez.

  • A Índia também é uma grande produtora e consumidora, só perdendo para a China.
  • Quando os espanhóis chegaram à América no século XVI, liderados por Cristóvão Colombo, observaram seu consumo e se encarregaram de levar a novidade apresentada pelos nativos para a Espanha, Europa, Ásia e África.
  • Os portugueses, descobridores do Brasil, levaram o amendoim para a África, o que salvou vários povos da fome. No Século XVII o amendoim era comum em toda região tropical do continente africano.
  • Na América do Norte o amendoim foi levado pelos escravos africanos, que os carregavam consigo e o plantavam em todo sul dos Estados Unidos. Nessa região, ele foi até emblema do Estado da Geórgia. Na época era chamado pelos norte-americanos de nozes da terra ou ervilha da terra. Foi material de estudos dos botânicos, sendo considerado excelente alimento para os porcos. Na primeira década do século XIX o amendoim já era plantado na Carolina do Sul e usado como substituto do cacau. A cultura do amendoim se fez presente em todos os estados sulistas, e em 1860, com a Guerra de Secessão, foi dado o primeiro aumento notável do consumo norte-americano.

    Na metade do século XIX os amendoins torrados e grelhados passaram a ser vendidos nas ruas, em jogos de beisebol e em circos. Os vendedores ambulantes, que gritavam “Hot Roasted Peanuts”, foram ouvidos pela primeira vez nas apresentações do Circo Barnum e, assim, o desejo pelo produto se propagou por todos os Estados Unidos junto às viagens da caravana do Circo.

    George Washington Carver (1860-1943) programou o sistema de rotação de culturas entre as plantações de algodão e amendoim no Sul dos Estados Unidos. Nesse momento, apareceram os primeiros equipamentos que permitiam uma maior mecanização das colheitas com redução de custo. Carver ainda mostrou que mais de 300 alimentos podiam ser derivados do amendoim.

    Durante a depressão econômica nos Estados Unidos em 1930, as autoridades estimularam o desenvolvimento de produtos que propiciassem suplementos alimentares à população. Um deles foi a manteiga feita de amendoim (peanut butter). O sucesso foi tão grande que a manteiga acabou sendo hábito nacional, substituindo a manteiga tradicional no café da manhã.


Seu uso:

  • O amendoim quando transformado em óleo é muito utilizado na culinária mundial, por seu sabor suave. O óleo tem também grande importância industrial: é usado em tintas, vernizes, óleos lubrificantes, roupas de couro, inseticidas, sabão e cosméticos. Também pode ser usado para fazer leite sem lactose.

  • Suas cascas são aproveitadas na fabricação de plástico, gesso, abrasivo e combustível. São usadas também para fazer celulose (rayon e papel) e mucilagem (cola). A parte aérea da planta de amendoim é utilizada como feno para alimentação animal.

Amendoim no Brasil:

O Brasil já foi um grande produtor de amendoim. Em 1970 o país atingiu uma marca significativa de toneladas, mas desde então os números caíram porque seus produtores o trocaram pela soja. Só voltou a ser expressivo novamente a partir de 1995 de norte a sul. São Paulo é responsável por 80% da produção nacional.

O Brasil exporta o equivalente a 22% de sua produção; o restante é utilizado internamente e se destina principalmente à área de confeitos, doces e salgados.

Paçoca e pé de moleque são doces feitos com amendoim e ícones principais da cultura popular brasileira.

Paçoca, palavra de origem tupi, significa esmigalhar. É um doce feito com amendoim, farinha de mandioca sal e açúcar. Antes da chegada dos portugueses nossos povos indígenas já faziam tal mistura que historiadores dizem ter surgido no período colonial. A paçoca costuma ser consumida o ano todo, mas a procura é maior durante as festas juninas (celebrações que fazem parte da cultura brasileira no mês de junho, com danças, brincadeiras e principalmente com comidas e doces típicos).

Pé de moleque, doce feito com rapadura ou açúcar e pedaços de amendoim. Surgiu no século XVI com a chegada da cana de açúcar. Os mais famosos pés de moleque são produzidos artesanalmente na cidade mineira de Piranguinho. Como a capital do doce, chegou a produzir, em 2007, o maior pé de moleque do mundo, com 14 metros de comprimento e 1 de largura. Em 2001, o doce chegou a 16 metros.

Há duas versões para o nome pé de moleque:

  • A primeira sustenta que veio das pedras irregulares, conhecidas como pés de moleque do calçamento dos tempos coloniais. Ao esfriar e endurecer, o doce lembrava a superfície da rua.
  •  A segunda conta que as quituteiras, ao armarem seus tabuleiros, eram furtadas por moleques. Cansadas com o ocorrido gritavam: PEDE MOLEQUE; não é necessário roubar.

Amendoim, mani, cacahuete, não importa o nome; o que importa é seu sabor marcante!

 

Fontes:

Imagens:

Uso de licença Creative Commons (Wikimedia Commons)

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a4/Arachis_hypogaea_-_K%C3%B6hler%E2%80%93s_Medizinal-Pflanzen-163.jpg

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/archive/d/d2/
20111219005436%21Chikki.jpg?uselang=pt-br


 
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