Selecione abaixo a informação que deseja visualizar.

Página Inicial
Curso da UAM
História do Jornal
Quem Somos
Crônicas
Astrologia
Aspectos Biopsicossociais
Com a Palavra o Professor
Gente Notável
Entrevista
Eventos & Notícias
Palavra Poética
Sabor & Saber
Turismo
Curiosidades
Caça-palavras
Cultura & Lazer
Carta do Leitor
Edições Anteriores
Videoteca
Galeria de Imagens
Fale Conosco
  Cadastre-se

 

 

  Página inicial  

 

E foi assim que Luiz Guilherme começou a cantar...

Texto e Fotos: Célia Gennari

Quantas vezes não pensamos o que fazer após a aposentadoria, ou quando a idade estiver "avançando"?! Para muitos, parece tão complicado encontrar alguma atividade, para outros, basta lembrar de "antigos desejos, sonhos, planos" e reativá-los.


O nosso entrevistado, que tem uma história de "reativação" pra contar, é o Luiz Guilherme C. M. Sales Cruz, 83 anos, que conheci no dia 03/10/2022, no "Show de Talentos da UAM 2022" da UAM – Faculdade de Educação – da PUC-SP. O evento comemorou os 30 anos da UAM e o Dia da Pessoa Idosa. (Leia mais na seção Notícia).

Quando Luiz Guilherme – nome artístico - começou a cantar, deu pra sentir a paixão que ele tem por essa arte, o prazer que sente ao envolver o público com suas notas musicais e presença. Foi encantador! Vale conhecer um pouco da inesperada e motivante história desse paulistano, descendente de italianos e portugueses.

JM – Quando começou a sua paixão pela música? Se tiver um "causo", pode contar.
Guilherme – Gosto de música desde meus 5 anos. Minha mãe tocava piano e um tio, violino. Eles tocavam muitas músicas dos anos 30,40 e 50. Porém, nunca me aventurei em cantar.
Depois de 35 anos de casado e após ver meus filhos formados e casados, divorciei. Em outubro de 2003, através da internet, comecei um relacionamento virtual com a Suzana Lima, minha atual esposa. Em janeiro de 2004 tivemos nosso primeiro encontro pessoal, e passamos a nos ver com certa frequência. Em uma das nossas viagens comecei a cantarolar uma canção gravada pelo Nelson Gonçalves, A Volta do Boêmio. Terminada a canção ela me disse: "Você tem um timbre de voz muito parecido com o dele, um volume de voz potente, porém, não canta nada, pois desafina, sai do ritmo e nem mantém o tom. Por que você não vai aprender?"
Estava com 65 anos e achei a observação válida e disse: "Vou pensar". Foi quando ela me propôs entrar em uma escola de música, sugestão aceita por mim. Para me incentivar, ela entrou junto comigo.

JM – Então, com quem "aprendeu" a cantar?
Guilherme – Entrei na Escola de Música Edinho Santa Cruz. O professor escalado para minha aula era bem jovem, e quando apresentei as músicas que eu gostava e pretendia ensaiar, ele foi franco e disse que apenas conhecia algumas. Como eu não sabia - e não sei até hoje - ler partituras, ele me propôs que iria pesquisar e que iríamos trabalhar em cima delas, sem ficar aprendendo técnicas de canto, mas sim cantar junto com os meus cantores, através de gravações que eu levava. Assim, posso dizer que sou fruto de professor e um pouco autodidata.

JM – Quem o influenciou e influencia, musicalmente?
Guilherme – Minha influência é totalmente de músicas populares brasileiras dos anos 30 aos anos 70. Autêntica MPB.


JM – Quando resolveu cantar para além dos amigos e familiares?
Guilherme – Após algumas apresentações com o pessoal da escola e para o público de eventos da escola, pensei: "Quem gostaria de estar ouvindo essas músicas de épocas passadas, já que as músicas que canto não são mais tocadas a não ser em Bailes das Saudades". São músicas que estão na minha memória para sempre e saem do coração. Suzana e eu chegamos à conclusão que o público para essas músicas seriam encontrados em Casas de Idosos e nas atuais Residências de Idosos, na época mais conhecidas como Asilos. Assim, acompanhado sempre de Suzana, passamos a nos apresentar todos os domingos nesses lugares. Compramos todos os equipamentos e montávamos o evento a cada domingo. Até o início da pandemia foram mais de 160 casas visitadas. Nos referíamos a essa ação como sendo nossa missa. Estamos retornando agora a fazer novamente esse trabalho voluntário.

JM – Qual a sua preferência musical para o canto? Poderia explicar?
Guilherme – Minhas preferências são as canções de serenatas, serestas, sambas, sambas canção, boleros, bossa nova, valsas etc. Eu gostava de todos os ritmos, até mesmo o rock and roll. Meus cantores favoritos são todos falecidos, começando pelo inigualável NELSON GONÇALVES, passando por Altemar Dutra, Silvio Caldas, Anísio Silva, Orlando Silva, Simonal, Cauby Peixoto, Eliseth Cardoso, Elis Regina, Dolores Duran, Isaurinha Garcia, Dalva de Oliveira e tantos outros do passado. Gosto de algumas músicas do ROBERTO CARLOS. Vou retomar um projeto de repertório só com músicas dele. Suzana gosta muito.

Faço questão também de homenagear os compositores das músicas. Para tanto, antes de cantar qualquer canção, eu cito seus nomes. Sem eles não haveria canções a serem cantadas ou instrumentalizadas.

JM – Em seu repertório, qual a sua música preferida?
Guilherme – Não tenho uma música preferida. Canto aquelas preferidas do meu público. As mais pedidas são: A PAZ DO MEU AMOR, de Luiz Vieira; CARINHOSO, de Pixinguinha e João de Barro; A NOITE DO MEU BEM, de Dolores Duran; SE TODOS FOSSSEM IGUAIS A VOCÊ, de Tom Jobim e Vinicius; A VOLTA DO BOEMIO, de Adelino Moreira; ALGUEM ME DISSE, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim; RONDA, de Paulo Vanzolini; CHÃO DE ESTRELAS, de Silvio Caldas; CAMINHEMOS, de Herivelto Martins e David Nasser; MEUS TEMPOS DE CRIANÇA, de Ataulfo Alves e tantas outras.

JM – Sobre trabalho voluntário – cantoria voluntária – esse seu movimento – fale um pouco sobre seus objetivos – missão...
Guilherme – Além do motivo principal, acima citado, os outros motivos que me fizeram continuar: foi o carinho como era recebido pelas residentes; sentir que ao ouvirem certas canções as recordações brotavam, muitas vezes alegres e outras tristes. Meu objetivo era reviver na memória dessas pessoas as músicas que povoaram seus anos passados.

Por esse meu voluntariado, em 30 de novembro de 2016, fui agraciado com o título de PAULISTANO NOTA 10 por parte da Revista VEJA.

JM – Na UAM PUC-SP – você é aluno? Desde quando?
Guilherme – Sim. Desde agosto 2022.

JM – Por que resolveu entrar na UAM?
Guilherme – Para recordar os bancos escolares e conviver com pessoas de meu tempo.

JM – Alguma disciplina preferida?
Guilherme – Não. Todos os professores estão de parabéns!

JM – Participou do SHOW DE TALENTOS 2022. Quais foram seus sentimentos ao cantar para as alunas da UAM?
Guilherme – De alegria e muita responsabilidade, pois sabia que ali estavam ouvintes que conheciam muito bem o repertório que eu iria apresentar.

JM – Quais músicas cantou e qual é o processo para a escolha do repertório?
Guilherme – Eu tenho um repertório de mais de 100 músicas.  A escolha é sempre baseada nas mais solicitadas até então. Cantei A NOITE DO MEU BEM, de Dolores Duran; CARINHOSO, de Pixinguinha e João de Barro; A PAZ DO MEU AMOR, de Luiz Vieira; SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

JM – Começou a cantar aos 67 anos. Poderia deixar uma mensagem aos idosos que têm dúvida sobre se podem ou não começar alguma nova atividade?
Guilherme – Nós sempre podemos resgatar, a qualquer momento de nossas vidas, algo que gostaríamos de ter feito e por qualquer razão não foi realizado. Seja o que for.

Em 2010, o cantor Luiz Guilherme lançou seu primeiro disco, Canções Eternas. Sua primeira apresentação foi no Lar Nossa Senhora das Mercês, no Alto de Pinheiros, quando passou a se dedicar a esse grupo. Por essas e outras, ele foi destaque na Revista Veja São Paulo – na seção Paulistano Nota 10! – em 30 de novembro de 2016.

 

 

 
Edições Anteriores
* Os artigos publicados no jornal Maturidades são de inteira responsabilidade dos autores
(que exprimem suas opiniões e assinam seus artigos) devendo ser encaminhada
a estes toda e qualquer sugestão, crítica ou pedido de retratação.
       
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo • PUC-SP - Design DTI•NMD - 2016