Um pouco de GUITA LERNER
Reportagem e fotos: Célia Gennari
Já faz um ano (nov/2019) que tivemos, Elza Calazans e eu, o prazer de estar com Guita Lerner, em uma sala da Universidade Aberta à Maturidade da PUC-SP, curso que ela frequenta, acompanhada de sua cuidadora.
Com seu semblante e fala mansa, Guita nos contou um pouco de sua vida. Trocamos ideias e nos divertimos com suas histórias. Aqui iremos relatar “um conto” da vida de Guita, porque a história completa daria um belo livro.
Guita Lerner nasceu na cidade de São Paulo, mais especificamente na Maternidade de São Paulo e faz tempo. Isso foi no ano de 1928. Portanto, hoje ela está com 92 anos bem vividos.
Para começar, é importante ressaltar que Guita foi uma dona de casa como outras tantas boas mães de família. E, um dia, entre seus 30 e 40 anos, resolveu voltar a estudar e se inscreveu num curso de conhecimentos gerais sobre artes, para satisfação própria e porque ela sempre teve uma ligação “afetiva” com a arte. O curso foi curto, mas abriu um “leque” de oportunidades na sua vida.
Segundo ela, como não era boa em desenho, começou a mexer com materiais, primeiro com barro e depois com cerâmica, mas seu interesse não era pela cerâmica utilitária... ela gostava de criar. Foi um passo para o figurativo e... a fundição.
Havia uma necessidade de manter a forma e, para tanto, ela fez vários cursos rápidos sobre fundição, sua nova e necessária paixão. E, com a prática, foi desenvolvendo a sua arte.
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Descobriu uma fundição em Sorocaba e para lá levava as suas peças já encaminhadas. Fundia e depois ela mesma dava o acabamento. Normalmente, eram de pequeno porte, que ela ampliava e as transformava em esculturas.
O exercício da escultura de médio e grande formato aconteceu na década de 80. Nessa época, já tinha os seus três filhos.
“Não foi nada planejado, foi acontecendo, acho que estava dentro de mim” – Guita Lerner
Quando jovem, ela gostava de declamar, mas seus pais não a estimulavam – muito pelo contrário, a proibiam, com medo de que ela fosse para o mundo artístico...
“Não fui para o mundo artístico do teatro, mas fui para o mundo artístico das esculturas”, disse Guita, com alegria.
Hoje ela olha e admira algumas cerâmicas que fez e pensa “como foi bom”. Guita Lerner foi convidada para fazer peças e participar de comemorações e premiações.
“A escultura que tenho no Parque no Ibirapuera, no Museu ao ar livre da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, é a ampliação de uma escultura que fiz de pequeno porte. Tenho muito orgulho disso, porque é uma coisa que vai ficar para a posteridade. Acho que foi uma grande conquista na minha vida” – Guita Lerner.
Em Campos do Jordão também é possível encontrar algumas esculturas de Guita, que realizou algumas exposições individuais.
A sua meta não era uma carreira, mas sim a realização pessoal. No entanto, fez exposições dentro e fora do Brasil. Em alguns museus do exterior é possível encontrar as suas peças. “As coisas foram acontecendo concomitantemente”, explicou.
A sua semente foi plantada. Sua filha caçula, Rosália Lerner, é uma grande aquarelista e tem muitos trabalhos publicados em galerias. Mas, segundo Guita, a escultura e a pintura a óleo são muito valorizadas, enquanto que a aquarela não é, apesar de ser arte.
As obras de Guita Lerner são sensoriais. A escultora ultrapassa o limite do mundo material, trazendo para a sua arte o contato com a espiritualidade. É possível sentir a emoção e o calor do barro, da terra, em suas peças. Você não viu? Não conhece? Coloque no Google o nome da escultora e boa viagem em suas obras. Você não vai passar por elas, sem se emocionar e “sentir”.
1982 – Estudou no ateliê livre da Fundação Álvares Penteado em São Paulo;
1983/84 – Frequentou o Ateliê do escultor Santos Lopes, também em São Paulo;
1994/95 – Realizou pesquisa em cerâmica de alta temperatura sob a orientação de Hisae Sugishita;
1995 – Começou a trabalhar em ateliê próprio;
1997 – A Associação Brasileira de Críticos de Arte - ABCA, Seção Nacional da Associação Internacional de Críticos de Arte - AICA da Unesco, sede em Paris, a convidou a apresentar projeto de obra de arte tridimensional para compor o Projeto do Museu dos Bandeirantes;
1998 – Finalizou a escultura “Introspecção” que é instalada em Museu ao ar livre da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
Fonte: Bel Galeria de Arte |
Faça uma visita ao Museu dos Bandeirantes da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo para conhecer “Flama”, escultura em bronze com pátina, de Guita Lerner. Se preferir, no Blog Esculturas e Monumentos em São Paulo é possível ver fotos da obra, de vários ângulos: clique aqui
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