Ajudar: propósito de vida da pernambucana Antônia Ana de Jesus
Por Juliana Jesus*
Antônia Ana de Jesus nasceu em 17/05/1947 no Sítio Quintas no Município de Carnaíba, localizado em Pernambuco, um estado no nordeste do Brasil. Filha de José Cordeiro do Nascimento e Maria Ana de Jesus, Antonia cresceu em uma família composta por oito pessoas. Sendo ela a filha mais velha, ajudou seus pais na criação dos seus cinco irmãos. Em Pernambuco estudou até a 5ª série e logo cedo começou a trabalhar também na roça como agricultora.
Em busca de oportunidades, Antonia saiu de Pernambuco em 1974 e chegou a São Paulo no Bairro do Jardim Pedreira, onde morou por 11 anos. Seu primeiro emprego na Capital foi como empregada doméstica. Lutou muito, pois sua origem humilde e a falta de recursos financeiros traziam grandes desafios para uma mulher pernambucana, mesmo sendo muito corajosa. E, ainda, sendo mãe e pai, de seus 5 filhos...
Em 1986, procurando um local mais tranqüilo para viver, dona Antonia chegou ao Jardim Santa Júlia – na cidade de Itapecerica da Serra. Ainda sem uma moradia própria, morou de aluguel.
E, foi nessa cidade que passou a participar dos movimentos de saúde em prol da construção do Hospital Geral de Itapecerica da Serra. Por 10 anos foi ativa dentro do Conselho de Saúde e do Conselho de Educação.
Nos anos 90 passou a ser diretora da Creche Sant’Ana, criada pelo Padre Arnaldo, para atender as famílias carentes do bairro. O foco era dar suporte às famílias em situação de pobreza, que não tinham como alimentar suas crianças nem um lugar seguro para deixar seus filhos. Com o atendimento da Creche, as mães do bairro puderam procurar emprego.
Dona Antonia encerrou seu mandato à frente da direção da Creche em 1997, quando voltou a estudar. Matriculou-se no método de ensino do Telecurso 2000, deu sequência aos estudos a partir da 6ª série e se formou no Ensino Médio.
Nessa época chegou na comunidade o Projeto “Agente Comunitário de Saúde” trazido pelos Missionários, juntamente com o Padre José Mauro. Após constantes reuniões com a Secretaria de Saúde, eles conseguiram criar a primeira equipe de oito Agentes Comunitários, que trabalhou de 1997 a 2000, de forma experimental, na UBS Crispim. Essa equipe enfrentou problemas graves como a violência do Bairro, a falta de confiança dos moradores que desconheciam o projeto, os agentes e tinham medo de abrir a porta de suas residências para recebê-los. Mas, aos poucos, essa equipe foi progredindo com o trabalho, levando o projeto para dentro da comunidade.
Em 2000, a Prefeitura de Itapecerica da Serra passou a assumir os Agentes Comunitários de Saúde. Em 2002 dona Antonia prestou concurso público e no ano seguinte passou a trabalhar como funcionária concursada do município. Mas não parou por aí. Dois anos depois, sempre em busca de conhecimentos, ela concluiu e se formou Técnica de Enfermagem.
Momento difícil foi quando o contrato dela foi finalizado, por conta da idade. Ou seja, a idade máxima para continuar trabalhando como funcionário municipal é de 75 anos. Por conta disso, em 17/05/2022 seu contrato foi finalizado.
Ainda em condições de contribuir e buscando alternativas para não ficar ociosa, hoje ela realiza trabalhos sociais na Pastoral da Criança, faz visitas de controle de peso das crianças e das gestantes carentes. Atua na entrega de cestas básicas do Centro de Caridade Santa'Ana, que hoje tem uma igrejinha. E, sob a coordenação do padre, faz parte de uma equipe que visita as famílias carentes. E em breve estará em atividade plena no projeto social da Creche, que está só no começo.
Claro que problemas de saúde aparecem, mas vêm e vão, assustam seus filhos e netos, mas não abatem a guerreira pernambucana. Dona Antônia, com seus 5 filhos, 12 netos e 3 bisnetos, segue firme com seu propósito de vida de ser útil, em primeiro lugar.
*A colaboradora Juliana Jesus, autora do texto, é a filha caçula da Dona Antônia.
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